Charles Antunes Leite
Colin Hanks, filho de Tom Hanks (Forest Gump) está em processo de captação de recursos para produzir o documentário All Things Must Pass: The Rise and Fall of Tower Records sobre a lendária cadeia de lojas de discos Tower Records.
Colin Hanks at Tower Records (Foto: Colin Hanks)
Para quem não conheceu ou ouviu falar – a Tower Records era considerada a Disneylândia dos apreciadores de música devido ao tamanho e a variedade do acervo.
Na década de 1940, Russell Salomon começou a vender discos nos fundos da farmácia do pai em Sacramento, Califórnia. A loja de discos seria fundada somente em 1960, no mesmo prédio em que se localizava o Tower Theater.
Ascensão
Além de LPs, fitas K7 e CDs, com o passar dos anos foram incorporados DVDs, videogames, acessórios e aparelhos eletrônicos ao mix de produtos das lojas. Em algumas unidades da rede haviam produtos direcionados ao perfil dos clientes. Uma das lojas de Nova Iorque, localizada próxima ao Lincoln Center, oferecia grande variedade de títulos de música erudita e jazz visando atender profissionais e estudantes de música.
O logo e o slogan da Tower Records
Os brasileiros que colecionavam discos, em viagem aos Estados Unidos, tinham como parada obrigatória a Tower. Na loja de quatro andares instalada na esquina de East 4 St com a Broadway, podia-se passar uma tarde inteira fuçando as gôndolas em busca de novidades ou itens para completar a coleção.
Em 1994, período de maior expansão da rede e também austeridade econômica do Brasil –imagine a minha satisfação, abrindo uma mala recheada de CDs trazidos sem os estojos (para diminuir o peso e aproveitar o espaço).
A cadeia ultrapassou as fronteiras, inclusive oceânicas, chegou a ter lojas no Reino Unido, Irlanda, Japão, Hong Kong, Taiwan, Cingapura, Coréia do Sul, Tailândia, Malásia, Filipinas, Israel, Emirados Árabes Unidos, Canadá, México, Colômbia, Equador e Argentina.
O diferencial
Enquanto nas demais lojas o cliente encontrava alguns casulos destinados aos principais artistas, na Tower a variedade era tão grande que nomes como Frank Zappa e John Coltrane tinham balcões inteiros para expor os títulos em catálogo. Era natural encontrar algum artista autografando álbuns ou mesmo ao seu lado escolhendo discos nas gôndolas.
O expediente das lojas era até meia-noite, todos os dias da semana. Os atendentes eram conhecedores de música e possuíam identificação com a empresa. Alguns chegaram a tatuar o número de registro funcional. Há um boato que o filme Empire Records foi escrito por um ex-funcionário da Tower Records.
Declínio
Nem todos viam a Tower com bons olhos. Havia clientes que criticavam os atendentes pela superficialidade de suas indicações. A loja por suas dimensões era tida como “mainstream” e os produtos eram mais caros que em lojas menores. A compactuação com a postura inflexível das gravadoras “majors” aos apelos dos consumidores pelo barateamento dos álbuns pode ter sido um dos fatores para a derrocada desse império do disco.
Em 2000, a Tower faturou 1 bilhão de dólares, mas quatro anos depois já se avistava o rombo causado pela agressiva expansão na década de 1990, concorrência com outras redes e a pirataria digital. Dívidas acumuladas em mais de 100 milhões de dólares fizeram com que, em 2006, a empresa fosse liquidade e leiloada. No dia 22 de dezembro, a última loja Tower, em solo americano, cerrou suas portas.
Promoção de CDs na semana do fechamento da Tower
A Tower Records foi a primeira loja física a ter um site de vendas (1995) e que foi vendido ao grupo Caiman Inc. no leilão da empresa em 2006. Ele voltou a operar em 2007, com sede no Canadá. Algumas lojas físicas ainda estão funcionando fora dos Estados Unidos como é o caso das lojas da Tower Records Japan, que não tem vínculos com o site – estão sob comando de um grupo empresarial japonês.
O documentário
O filme pretende mostrar a influência da Tower Records para os consumidores de música e a importância econômica da rede que foi responsável por grande parte do faturamento da Indústria Fonográfica nos bons tempos, e que no início do século 21 começou a ruir.
Colin Hanks por meio de uma ação de “crowdfunding” (financiamento colaborativo) está captando recursos financeiros para custear a produção. Aqueles que contribuírem com doações terão, dependendo do valor, seus nomes nos créditos, vinil, camiseta, DVD autografado. Contribuições superiores a dois mil dólares terão direito a um kit que inclui par de convites VIPs para estreia mundial no Tower Theater, em Sacramento, onde tudo começou.
Fontes consultadas para a matéria:
All Things Must Pass: The Rise and Fall of Tower Records by Colin Hanks
Guest Post: Colin Hanks and All Things Must Pass by Colin Hanks
Kickstarter Funding for a Tower Records Documentary Film by Steve Guttenberg
Legendary Music Chain Tower Records Closes Doors Forever by Charles Andrews
For Tower Records, End of Disc by Paul Farhi
2006 And The Death of Tower Records by Neda Ulaby
Tower.com Purchased by Caiman ByVivien Schweitzer
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